Carregadores sem fio para smartphones invadem o mercado
Samsung lançou o Galaxy S6 que pode ser carregado sem necessidade de cabos em um tempo reduzido
Quem não viveu essa cena: sem bateria no celular e sem o cabo adequado para recarregar o aparelho? Isso pode virar passado com os carregadores sem fio existentes no mercado, que esperam uma alta em 2015.
Durante o Mobile World Congress, feira mais importante do setor que acontece de segunda até esta quinta-feira em Barcelona, estes artigos receberam um impulso significativo por parte dos grandes fabricantes como a sul-coreana Samsung.
Desbancada da liderança mundial no último trimestre de 2014 pela Apple, a Samsung lançou em Barcelona seu cobiçado novo modelo, o Galaxy S6, com o qual espera recuperar o domínio perdido. Uma de suas grandes novidades é, precisamente, a possibilidade de ser carregado sem necessidade de cabos em um tempo reduzido.
A gigante dos móveis sueca Ikea também disse em Barcelona que na primavera de 2015 vai lançar na Europa e na América do Norte uma linha de criados-mudos, lâmpadas e produtos de escritório com carregadores sem fio. Algum tempo depois eles serão comercializados no resto do mundo.
Com esse sistema, basta colocar o celular sobre uma base para que seja carregado, por indução ou por transmissão de ondas. Para isso, o aparelho deverá ser equipado com um receptor adequado.
Sul-coreanos e suecos usaram o padrão Qi proposto por um consórcio de 200 empresas. Segundo o consórcio, criado em 2008, este sistema é o mais encontrado no mundo, com pontos de carga em 3.000 hotéis, restaurantes, aeroportos e espaços públicos.
Além disso, mais de 80 modelos de smartphones e 15 tipos de veículos e acessórios usam o sistema.
'Um padrão homogêneo'
Estes anúncios "permitirão dar um grande passo", espera Inge Täuber, da empresa alemã L&P Automotive, que participa do projeto.
A executiva destaca o lado prático da recarga sem fio: os fabricantes não precisarão enviar os cabos e os usuários não precisarão carregá-los para todo lado com medo de ficar sem bateria.
"As pessoas não têm que ter medo que suas bases de carga fiquem obsoletas, porque serão compatíveis com as novas gerações de smartphones", diz.
Também não será um inconveniente a falta de um receptor no aparelho, porque existem adaptadores, na forma de capas ou pequenos acessórios, comercializados a dez euros ou mais.
Kevin Curran, membro do Instituto de Engenheiros de Eletrônica e Eletricidade (IEEE) e professor de informática na universidade de Ulster (Irlanda do Norte), diz que 2015 "é provavelmente o ano da recarga sem fio" devido ao auge do padrão Qi.
Ele compete com outros padrões, como o PMA e o A4WP, apoiados por cerca de 200 empresas no ramo das telecomunicações, informática e eletrônica. A previsão de funcionamento é meados de 2015 para reforçar seu peso e "acelerar o crescimento deste mercado iniciante".
Para Täuber, a concorrência entre esses grandes padrões não supõe um problema real para a definição de um padrão comum ou para o desenvolvimento de bases compatíveis com as diferentes tecnologias.
O caminho é um "padrão homogêneo", explica. Mas até agora os fabricantes de telefones não alcançaram esse objetivo apesar da pressão, especialmente por parte da União Europeia, para o uso de carregadores universais antes de 2016. Uma primeira tentativa da Comissão Europeia em 2010 foi um fracasso.
Para os analistas ainda é complicado quantificar o peso deste novo mercado. O "Wireless Power Consortium", do padrão Qi, vendeu 50 milhões de carregadores em 2014, ano em que as vendas mundiais celulares alcançaram 1,8 bilhão de unidades, segundo a consultoria Gartner.