CPMI do 8/1: relatora pede quebra de sigilos de Valdemar
Requerimento é embasado no depoimento do hacker Delgatti, que afirmou ter se reunido com Valdemar Costa Neto e integrantes da campanha de Jair Bolsonaro com o objetivo de criar um plano para atacar as urnas eletrônicas
A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), solicitou a quebra dos sigilos telefônico e telemático do presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto (PL). O requerimento consta no sistema da CPMI, que tem reunião agendada para esta terça-feira (22).
De acordo com o documento apresentado por Eliziane a Comissão, o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria participado, “de maneira pouco republicana”, de tratativas com o hacker Walter Delgatti Neto para discutir formas de fraudar as urnas eletrônicas, e assim, gerar desconfiança da população sobre o sistema de votação do país.
A senadora estabelece prazo de 5 dias úteis para que as informações solicitadas sejam entregues a CPMI. Entre os dados requeridos estão:
- conteúdo relativo às contas e aparelhos de sua titularidade, especialmente dados de localização, GPS, Bluetooth, endereço IP, localização de pontos de acesso wi-fi e torres de celular;
- cópia integral de todo conteúdo armazenado no Google Drive, incluindo o backup do WhatsApp;
- informações de pagamento, incluindo dados dos cartões de crédito;
- registros de conexão (IPs);
- nomes dos grupos, seus administradores e integrantes com seus respectivos números de telefones e fotos; entre outros dados.
Depoimento de Delgatti
Em depoimento a CPMI na última quinta-feira (17), Delgatti afirmou que foi levado a Jair Bolsonaro pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e houve uma proposta no encontro de criar um código-fonte falso para "enganar" os eleitores e mostrar que as urnas não eram seguras durante demosntração pública no 7 de setembro de 2022. Valdemar e o marqueteiro da campanha do ex-mandatário, Duda Lima, também participaram da reunião.
“Eles queriam que eu fizesse um código-fonte meu, e não o oficial do TSE. E, no código-fonte, que eu inserisse essas linhas de código malicioso, porque tinha a finalidade de enganar, de colocar dúvidas na eleição. Então eu criaria um código meu”, disse Delgatti.
Convocação
Diante das declarações de Delgatti, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) também enviou a CPMI um requerimento de convocação para que o presidente nacional do Partido Liberal preste depoimento ao colegiado.