Campanha para voto útil pode não ser suficiente para Lula
O resultado da última pesquisa do Ipec deu iniciou a uma campanha para que o ex-presidente Lula (PT) seja eleito ainda no 1º turno das eleições
O último resultado da pesquisa do Ipec divulgado nesta semana, que mostra o ex-presidente Lula (PT) com reais chances de vencer o pleito já no 1º turno, com 46% dos votos válidos, fez iniciar um movimento nas redes sociais conscientizando os eleitores sobre o voto útil. O voto útil é uma estratégia utilizada pelos postulantes que estão à frente nas pesquisas para conseguir mais votos de pessoas que não necessariamente votariam neles.
Já na madrugada no dia 13 de setembro, um dia após a divulgação do resultado, um dos assuntos mais comentados do Twitter era “Lula subiu”. O candidato a deputado federal André Janones (Avante) também iniciou um coro pelo voto útil e foi seguido por vários políticos da coligação e apoiadores.
Isso gerou uma reação de Ciro Gomes (PDT), que afirmou que “voto útil é tornar o seu sonho inútil”, e de Simone Tebet, que disse que se acontecer de Lula vencer no 1º turno “a diferença seria tão pequena que a gente teria que enfrentar quatro anos de discussão de resultado de urna, se as urnas são seguras ou não, de contestação”, com relação a Bolsonaro.
Em visita ao Recife nesta quarta-feira (14), Tebet voltou a falar sobre o assunto. Ela disse que é “um desrespeito com o cidadão brasileiro a gente apostar no voto útil de ‘o menos pior’ no momento da maior crise do Brasil, de tantos retrocessos civilizatórios e ameaças a democracia”.
Questionado pela reportagem do LeiaJá, o cientista político Alex Ribeiro explicou que o voto útil “não é um desrespeito”. “É uma estratégia eleitoral feita em qualquer pleito. O candidato pode tentar atrair esse eleitorado de uma forma de competição natural que ocorre em qualquer eleição. Tebet comenta essa questão, como o próprio Ciro Gomes pode também comentar, é porque eles estão com o percentual baixo de votos para a eleição deste ano e como aconteceu nos outros anos, o voto útil pode acontecer nessa eleição. Diante de toda a porcentagem dos dois, a diminuição da votação pode ser pouca”, explicou.
Para o especialista, pelo fato de os outros competidores (Ciro e Tebet) estarem com a porcentagem baixa, o voto útil vindo deles para Lula talvez não seja o suficiente para o 1º turno. “Os votos dos principais competidores, que são Lula e Bolsonaro, estão bem consolidados. Ou seja, a mudança de voto, a desistência de votar nesses candidatos está com um percentual baixo”, disse.
“Diante disso, não sei se o voto útil conseguiria ser o suficiente para o ex-presidente Lula. O ex-presidente Lula terá esses quase 20 dias ainda para tentar atrair o eleitorado desses dois, mas como eles têm uma porcentagem baixa, a luta por esses votos pode não ser suficiente e ele tem que estar preparado para um segundo turno, sim”, alertou Alex Ribeiro.