Doria: 'Lula não é Bolsonaro, é inteligente e tem passado'
Ex-governador diz ter diferenças com o petista, mas reconhece a sua trajetória. O pré-candidato do PSDB relembra apoio ao atual governo e diz se sentir 'traído'
O ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República, João Doria (PSDB), afirmou que, apesar das diferenças que possui com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — de quem se considerou um “antagonista” —, o respeita. Já quanto ao presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que o mandatário não merece o seu respeito. A declaração foi feita durante entrevista ao jornal Valor Econômico, divulgada nesta quarta-feira (27).
“Embora eu seja um antagonista ao Lula, eu o respeito. O Lula não é Bolsonaro, o Lula é inteligente e tem passado. Eu tenho posições diferentes das dele, mas tenho respeito por ele. Já Bolsonaro não merece o meu respeito. Eu sou um liberal social”, disse.
Questionado o que significa ser “liberal social”, Doria explicou que é aquele que “acredita na economia de mercado, mas que compreende também a importância do trabalho no combate à pobreza e às desigualdades”, o que considera ser diferente da visão do atual chefe do Executivo. O ex-governador também parece tentar se livrar da alcunha de “BolsoDoria”.
Neste tema, o tucano afirmou que se sentiu traído por Bolsonaro. “Como eu, milhões de brasileiros acreditaram em Jair Bolsonaro, acreditamos que sua proposta era liberal, transformadora para o Brasil, de combate à corrupção, contrária à reeleição. E tem mais: ele se posicionava contra o Centrão. Fomos enganados", falou,
E acrescentou: "Logo depois de se eleger, ele dizia que era candidato à reeleição, já começava a fazer aproximação com o Centrão, já começava a fazer restrições ao trabalho de Sergio Moro, e demonstrava apreço pela economia estatizante, criando dificuldades para o programa de privatizações. Já em abril, ele comemorou o golpe militar de 64. Manifestei-me dura e fortemente contra isso”.
Terceira via
Doria disse ainda acreditar na chamada “terceira via” para concorrer as eleições deste ano. Isso porque, segundo ele, há 44% de eleitores que ainda não sabem em quem votar. “Entre eles, neste momento estão aqueles que estão optando pelo ‘menos ruim’, de um lado [Lula] ou de outro [Bolsonaro]. Estes eleitores são os que vão aderir a um nome que possa representar uma alternativa aos dois extremos”.
O tucano também falou sobre a resistência ao seu nome dentro do PSDB e o resultado das prévias do partido, realizadas em novembro do ano passado. Na ocasião, Doria venceu o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. A vitória, no entanto, foi apertada, o que acabou causando um racha no PSDB. "Eduardo Leite teve a grandeza de, em carta pública divulgada na sexta-feira, dia 22, manifestar o seu apoio e reconhecimento às prévias", disse.