Promessas de fé que levam devotos ao Morro da Conceição
A devoção em Nossa Senhora da Conceição colocou Marcelino, de 85 anos, em uma peregrinação solitária de Vicência ao Recife e fez Isabela, de 27, subir as escadarias do Morro de joelhos. Esta quarta (8) é o dia da padroeira afetiva do Recife e o fim do ciclo de homenagens
"A fé move montanhas", se repete entre os devotos de Nossa Senhora da Conceição pelas escadarias e ladeiras da Zona Norte. Nesta quarta-feira (8) é celebrado o dia da padroeira afetiva do Recife e durante o ciclo de homenagens no Morro da Conceição, cenas de fieis em lágrimas acompanham relatos de graças alcançadas pela intercessão da Santa.
Cada degrau superado com os joelhos é uma demonstração de gratidão pelas promessas alcançadas pela Analista de Recursos Humanos, Isabela Caroline. “Eu vou chegar lá em cima agradecida, mesmo se chegar machucada”, disse durante uma pausa no caminho de orações.
“Saber que [Ela] intercede por mim renova a minha fé e próximo ano eu estou aqui de novo porque eu sei que Ela faz por mim. A minha fé é muito maior que tudo, mesmo que as outras pessoas não acreditem, mas eu acreditei nela”, declarou a fiel.
Aos 27 anos, a relação com a Santa começou antes mesmo de nascer. A mãe não conseguia engravidar e decidiu depositar a vontade de ter filhos na fé em Nossa Senhora da Conceição, quando finalmente deu à luz à Isabela e o irmão mais velho.
Após muita dedicação, neste ano, ele conseguiu passar em um concurso público federal e, mesmo sem saber, era acompanhado pelas bênçãos da irmã. "Eu fiz uma promessa difícil em prol do meu irmão e ele conseguiu, mas não sabe que eu tinha feito essa promessa [...] eu disse a Santa que se ele passasse, eu ia subir de joelho esse ano, e agora vou pagar a ela muito mais feliz”, conta.
Aos 85 anos, José Marcelino caminha 85 km para visitar o santuário. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens
A princípio foi uma promessa, mas a caminhada de aproximadamente 85 quilômetros para o encontro com a imagem do Morro da Conceição já a tradição de fim de ano de José Marcelino. Há seis anos consecutivos ele sai de madrugada de Vicência, na Mata Norte, e vai a pé ao santuário.
"É muito gratificante, porque Deus se sacrificou muito mais que isso por nós. Ela merece muito mais do que isso que eu faço", destaca.
Aos 68 anos, o agricultor abandona por uma noite o cultivo de subsistência e peregrina solitário pelas rodovias e avenidas que o levam ao Morro.
"Eu saí ontem de 4h da manhã, aí caminhei 11 horas até Tiúma e dormi na casa do meu irmão. Hoje saí de 5h e cheguei aqui de 10h05", explica.
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Nos pés uma sandália simples, nas mãos um terço e nas costas uma bolsa com pedidos de cura aos enfermos que não puderam fazer a visita. "Nossa Senhora da Conceição é minha intercessora muito especial, junto ao seu filho Jesus Cristo. Eu realmente já consegui muitas graças", comenta.
Assim, Marcelino chega ao Morro e aproveita ao máximo o tempo junto a milhares fieis como ele. Antes de voltar, o idoso acompanha pelo menos duas missas para agradecer por estar mais uma vez presente na Festa da Santa e pedir saúde para repetir o roteiro no ano seguinte.