Novos bombardeios fatais do regime sírio em Idlib
Seis civis foram mortos no ataque
O governo de Bashar al-Assad voltou a atacar vários setores da província de Idlib (noroeste da Síria), nesta segunda-feira (3), matando seis civis, ignorando um pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o "bombardeio infernal" do exército sírio e seus aliados contra este reduto jihadista.
A Rússia, que apoia militarmente Assad, afirmou que seus militares mobilizados na Síria atacavam "terroristas" em Idlib, província em grande parte controlada pelo Hayat Tahrir al Sham (HTS, um antigo braço sírio da Al Qaeda).
Desde o fim de abril, o governo sírio e a Força Aérea russa bombardearam setores jihadistas em Idlib, e outros sob controle do HTS nas províncias vizinhas de Hama, Aleppo e Latakia.
Apesar de Damasco não ter mencionado uma ofensiva concreta contra HTS, continua a bombardear e combater no terreno. Hoje, o governo Assad tem controle sobre cerca de 60% do território nacional.
Em um mês, cerca de 300 civis foram mortos nos bombardeios sírios e russos nesta província e em zonas limítrofes, de acordo com o OSDH.
Nos ataques da força aérea síria nesta segunda na província, quatro dos seis civis foram mortos na localidade de Maaret al-Noomane, submetida a intensos bombardeios nos últimos dias, afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Moradores fugiam em meio à destruição, enquanto equipes de resgate transportavam feridos, ou retiravam sobreviventes, relata o correspondente da AFP.
- "Armas proibidas" -
O Kremlin justificou os bombardeios, acusando os extremistas de terem atacado zonas pró-governo.
"Os bombardeios dos terroristas procedentes de Idlib são inaceitáveis e foram tomadas medidas para neutralizar essas posições de artilharia", declarou Moscou em um comunicado.
Na véspera, Trump pediu o fim dos ataques.
"Ouvimos que Rússia, Síria e, em menor medida, o Irã estão bombardeando intensamente a província síria de Idlib e matando indiscriminadamente muitos civis inocentes. O mundo está vendo essa carnificina", tuitou Trump.
"Qual é o propósito? O que vão conseguir? Parem!", acrescentou, antes de partir para uma visita de Estado à Grã-Bretanha.
Em um mês, cerca de 300 civis foram mortos nos bombardeios sírios e russos nesta província e em zonas limítrofes, de acordo com o OSDH. Segundo a ONU, pelo menos 23 hospitais e várias escolas foram atingidos, e mais de 270 mil pessoas tiveram de deixar suas casas.
A ONG Human Rights Watch (HRW) acusou Damasco e Moscou de usarem "armas proibidas internacionalmente", citando "bombas de fragmentação, armas incendiárias", mas também "barris explosivos", geralmente lançados de helicópteros sobre "setores habitados por civis".
"Síria e Rússia usam um coquetel de armas proibidas internacionalmente contra uma população civil encurralada", denunciou a diretora interina para Oriente Médio da HRW, Lama Fakih.
- Desabrigados abandonam Al Hol -
A escalada da violência na província de Idlib, na fronteira com a Turquia, é a pior desde que Moscou e Ancara, que apoia grupos rebeldes, anunciaram em setembro de 2018 um acordo sobre uma "zona desmilitarizada" para separar territórios jihadistas e insurgentes das áreas governamentais próximas.
Este acordo, que buscava evitar uma ofensiva em massa de Damasco, foi aplicado parcialmente após a recusa dos jihadistas em abandonar a região.
Nesta segunda-feira, cerca de 800 mulheres e crianças sírias abandonavam o campo de desalojados de Al Hol (nordeste), regressando a seus lares, na primeira operação deste tipo realizada pelas autoridades semiautônomas curdas, segundo um correspondente da AFP.
O jornalista viu 17 ônibus lotados com mulheres e crianças abandonando o campo que recebe principalmente familiares de jihadistas do grupo Estado Islâmico. Serão levados para as regiões de Raqa e Tabqa (norte), onde vivem parentes, segundo as autoridades curdas.
Além disso, entregaram nesta segunda cinco órfãos de famílias noruegas vinculadas ao EI a uma delegação do país nórdico. "Cinco órfãos de famílias vinculadas ao grupo terrorista Daesh (acrônimo em árabe de EI) foram entregues a uma delegação do ministério das Relações Exteriores da Noruega" na cidade síria de Ain Issa (norte), destacaram.
Neste contexto complexo de guerra, nas últimas 24 horas, o Exército israelense bombardeou várias posições das forças leais a Assad, matando 15 combatentes em uma escalada das operações militares de Israel contra o país vizinho em guerra.