Poeta paraense trabalha o divino e o regional em versos

Graduada em Letras, professora da rede estadual de ensino e aluna de Jornalismo da UNAMA - Universidade da Amazônia, Rosângela Machado encontra inspiração na cultura paraense e encanta seu dia a dia com palavras

sex, 30/09/2022 - 10:44

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“Penso a inspiração como algo transcendente, celestial, que nos faz produzir palavras. Drummond dizia ser transpiração.” Assim a poeta paraense Rosângela Machado, professora da rede pública estadual de ensino e aluna do curso de Jornalismo da UNAMA - Universidade da Amazônia, explica suas inspirações para a prática literária.

“Foi em sala de aula, na quinta série, em um concurso realizado pela minha professora de língua portuguesa, que recitei pela primeira vez minha poesia ao público. Daí por diante escrevia, sem preocupação em guardar para a posteridade, apenas escrevia. Foi só na fase adulta que comecei a preservar alguns escritos, mais como lembrança", registra Rosângela.

Leitora de Vinícius de Moraes, premiada e autora do livro "Curta Poesia", de 2008, Rosângela diz que a poética intensa e apaixonada do poetinha diplomata a toca de maneira especial - e a ele dedicou o poema “A Vinícius – Poetinha”. Cita também Cecília Meireles, ao dizer ser dela o primeiro texto que recitou em sala de aula, pouco depois de ter dominado a leitura, o poema “A Bailarina”.

Rosângela Machado recebeu premiação, com o poema “Diálogo”, na I Mostra de Literatura do Servidor Público Estadual, promovida pela Escola de Governo do Estado do Pará. Sua graduação em Letras pela Universidade Federal do Pará (UFPA) a permitiu aprofundar-se em outros nomes da literatura brasileira e portuguesa, mas são os nomes da poesia regional que se destacam na lista - o refinamento de Paes Loureiro, Ruy Barata, que conheceu pela voz de Fafá de Belém, Renato Gusmão, Caeté, Apolo de Caratateua, Francisco Mendes, Juraci Siqueira Ruth Cruz, Ducarmo Souza (exímia cordelista), Geni Begot (contemporânea de graduação na UFPA), entre muitos outros talentosos nomes. Foi com essa bagagem que Rosângela correu o Brasil com sua obra e participou de diversas premiações e eventos. Em um deles, inclusive, conheceu e recitou sua poesia para os imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL).

“Quando fui ao Rio para uma premiação em Casimiro de Abreu, tive vontade de conhecer a casa fundada por Machado de Assis. Lá fui apresentada a Nélida Pinon (escritora brasileira, integrante da Academia Brasileira de Letras) e participei do encontro semanal dos imortais, onde eles tomam o tradicional chá das cinco. Se não tivesse fotos, acharia que pudesse ser um sonho como em Alice no País das Maravilhas”, recorda.

“Participei e fui premiada no XI Concurso de Poesia da Fundação Cultural Casimiro De Abreu, no Rio de Janeiro, com o poema 'Comunicação'. Alguns eventos literários me permitiram novos contatos, conheci outros talentos da poesia quando participei do I Jirau da Literatura Paraense, da 51ª edição do Prêmio Jabuti e o Encontro de Poetas em Casimiro de Abreu, o EPOCABREU 2011, em Barra de São João, terra do poeta Casimiro de Abreu. São lembranças, entre outras, que ficam eternizadas. Eu acredito assim.”

Sobre as questões regionais que lhe dão inspiração, Rosângela cita símbolos do cotidiano paraense e elementos da cultura regional, sempre festejados na música, ou pelo povo paraense: “Por excelência, como símbolo maior, diria o Círio de Nazaré, e para esse grandioso momento de fé escrevi 'O Círio', no qual descrevo os passos dos romeiros e romeiras que acompanham a berlinda. Foi publicado a primeira vez em uma edição de outubro do jornal A Voz de Nazaré, e depois em antologia editada em São Paulo".

É com devoção à sua terra, à sua regionalidade e a seus estudos que Rosângela produz, ensina e encanta com seu trabalho artístico. “Hoje estou muito feliz e grata em receber esse espaço para mostrar um pouco mais da poesia!”, conclui.

Por Paulo Ricardo de Brito (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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