Análise Tática: Santa Cruz ofensivo no 4-1-4-1/4-1-3-2 e com dois artilheiros na área

por Clauber Santana | seg, 24/08/2015 - 08:22
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Há pelo menos três jogos, o técnico Marcelo Martelotte arma o time do Santa Cruz numa variação entre o 4-1-4-1 e o 4-1-3-2. Esta última para ter dois artilheiros na área na fase ofensiva do jogo: Grafite (quatro jogos e três gols) e Anderson Aquino (vice-artilheiro da Série B com dez gols). Na vitória contra o Macaé, na sexta-feira (21), embora o placar tenha sido o magro 1 a 0, a dupla finalizou sete vezes, incluindo o gol marcado por Grafite. Quase 50% das conclusões do Tricolor na partida.

4-1-3-2 do Santa Cruz após os 20 minutos do primeiro tempo, quando Bileu saiu machucado para a entrada de Bruninho. Vitor foi avançado para a ponta direita e Bruninho ficou na cobertura

Na fase defensiva, a equipe coral se arma no 4-1-4-1 e a dupla de ataque se desfaz. Apenas Grafite segue no setor ofensivo, enquanto Anderson Aquino recua para a linha de quatro no meio-campo e fica ao lado de João Paulo centralizado. No entanto, por vezes, Aquino demorou a recompor e abriu espaço para o Macaé na transição ofensiva. Problema que o técnico Marcelo Martelotte ainda precisa resolver para a sequência do Campeonato Brasileiro da Série B.

Santa Cruz com a bola saindo do 4-1-4-1 para o 4-1-3-2. Marlon inicia a jogada e Anderson Aquino sai da linha de quatro para o ataque

O confronto diante do Macaé ainda apresentou outro cenário ao treinador do Santa Cruz. Empatando por 0 a 0, em casa, e com a necessidade da vitória, Martelotte voltou para o segundo tempo com Luisinho na vaga de Wellington Cézar, único volante de função e já pendurado com cartão amarelo. Vitor retornou para a primeira linha de quatro para que o atacante ficasse mais à frente pela direita. Além desta mudança, João Paulo atuou mais recuado. Como o próprio técnico falou após o jogo, o camisa 10 foi sobrecarregado para ajudar na marcação e equilibrar o time.

Análise Tática: Lisca muda panorama do jogo e vence com substituições

Técnico desfez esquema com três zagueiros após 25 minutos e derrotou o Bragantino por 3 a 1

por Clauber Santana | seg, 17/08/2015 - 02:15
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O técnico Lisca testou a formação com três zagueiros na Série B pela primeira vez contra o Vitória e executou, de fato, diante do Bahia, na Arena Fonte Nova. O esquema tático deu certo e o Náutico trouxe um ponto de Salvador. Por este motivo, o treinador alvirrubro resolveu manter a linha defensiva no jogo seguinte, na vitória sobre o Bragantino por 3 a 1, no último sábado (15). Mas durou apenas 25 minutos a estratégia. Apenas com as substituições o Timbu voltou ao caminho dos triunfos.

Para ser mais ofensivo e ter opções no último terço do campo, Lisca soltou os laterais – Gil Mineiro e Lucas Farias -, e o Timbu iniciou no 3-4-3. Marino e Hiltinho abertos pelas pontas com Patrick Vieira centralizado. Custou um pouco para encaixar, ainda assim, os alvirrubros tiveram um gol anulado. Marino entrou livre na área e tocou para Patrick Vieira, impedido, empurrar para o fundo das redes. Por outro lado, a defesa se complicou em lances infantis, principalmente em cima de Flávio. E antes de sofrer um gol, o técnico cortou o mal pela raiz sacando o zagueiro da base para a entrada de Rogerinho.

Formação inicial do Náutico, que durou apenas 25 minutos até Flávio ser substituído por Rogerinho

Recomposta a formação que o Náutico está acostumado a jogar: o 4-2-3-1 com a bola e se defendendo no 4-4-2. Se para alguns torcedores Lisca errou na escalação, é inevitável reconhecer os méritos do técnico nas substituições. Rogerinho, centralizado na linha de três, fez Marino e Hiltinho serem mais participativos pelas extremidades do campo. Em todo o jogo, Rogerinho acertou 20 passes e contribuiu para o aproveitamento de 91% do Náutico no fundamento. O camisa 18, ainda na etapa inicial, sofreu o pênalti convertido por Patrick Vieira, que abriu o placar. 

Rogerinho centralizado na linha de três deu outra dinâmica ao setor de criação alvirrubro

Apesar de o time alvirrubro ter melhorado, o segundo tempo ficou perigoso. O Bragantino com mais posse de bola e o Náutico sem a presença efetiva no ataque. Aos 20 minutos, Lisca tirou Hiltinho para a entrada de Stéfano Yuri. Sangue novo no setor ofensivo, que trouxe a tranquilidade no placar. O atacante roubou a bola no campo de ataque e iniciou a jogada do segundo gol, concluída por Rogerinho – em sua única finalização - após cruzamento de Lucas Farias. 

No final da partida, o próprio Stéfano Yuri aproveitou a primeira oportunidade que teve e garantiu a vitória do Timbu. Só não deu números finais ao jogo porque o Bragantino ainda diminuiu o placar com Alan Mineiro. Mas não tirou o brilho da importante vitória do Náutico, que segue firme na briga pelo acesso passado 19 rodadas, com opções táticas e ganhando peças com a chegada de reforços.

Análise Tática: Veja como ficará o time do Santa Cruz para a estreia de Grafite

Mesmo sem mudança na formação, substituições dão outra cara à equipe coral pelas características dos jogadores

por Lívio Angelim | qua, 05/08/2015 - 18:00
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Desde que chegou ao Santa Cruz, o técnico Marcelo Martelotte manteve o time quase sempre na mesma formação. O próprio comandante tricolor explicou o motivo. “Temos a necessidade de conquistar resultados a curto prazo e é preciso repetir o time e mudar o mínimo possível para alcançar um bom nível de entrosamento”. Desde então, a equipe coral vem – quase sempre – variando entre o 4-5-1 e o 4-3-3. E não haverá alteração na postura tática para a estreia de Grafite, porém as substituições modificam as características dos jogadores nas devidas funções.

 

>> Vítor estreia no Arruda no próximo sábado (8)

Nos últimos três jogos, o volante Bileu vinha ocupando a lateral direita. Por vezes, inclusive, foi elogiado pelo técnico Marcelo Martelotte. Na partida passada, diante do Oeste, Vitor estreou no time coral. O que já dá diferença tanto no posicionamento ofensivo, como na recomposição defensiva. Enquanto o primeiro tem características defensivas e pouco apoia no ataque, o segundo é o oposto, tem qualidade nos cruzamentos e, inclusive, deu algumas assistências para gol durante o Campeonato Pernambucano e a Copa do Nordeste, quando atuou pelo Sport.

Outra mudança é a inversão de lado do meia-atacante Lelê. O jogador já atuou nas duas pontas sob o comando de Marcelo Martelotte, mas nos últimos jogos ficou na esquerda – já que Luisinho foi escalado na direita. A diferença está justamente na lateralidade do atleta, que é destro. Sendo assim, quando Lelê joga pelo lado esquerdo, tem tendência a puxar as jogadas para o centro do campo, quase como um segundo atacante (como foi aproveitado na goleada por 3 a 0 sobre o Atlético-GO, em que marcou dois gols). Já na direita, o atleta costuma atuar colado à linha lateral e armar o jogo com passes e cruzamentos.

Quem ficará responsável pelo papel anterior de Lelê, na esquerda, é Anderson Aquino. Apesar do ter sido utilizado como centroavante – também por sua versatilidade –, o jogador costuma atuar como segundo atacante. Foi justamente nesta posição que ele atuou na final do Campeonato Pernambucano e marcou o gol do título, em um chute de fora da área.

>> Grafite fala de posicionamento em ataque com Anderson Aquino

É assim que o técnico Marcelo Martelotte espera explorar as qualidades de Grafite como centroavante. Um jogador que atuará como referência para, não só segurar a bola no setor de ataque do Santa Cruz, mas fazer o que sabe de melhor: gols. E, quem sabe, repetir na equipe coral o que fez no Wolfsburg, da Alemanha, em 2008/2009 e no Ah-Ahli, dos Emirados Árabes, em 2012/2013, quanto teve média de mais de um gol por partida.

Análise Tática: Lisca utiliza versatilidade de seus atletas para vencer Vitória após expulsões

Técnico do Náutico realizou pelo menos quatro variações ou improvisações para vencer mais uma partida na Arena Pernambuco

por Clauber Santana | seg, 27/07/2015 - 15:49
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A leitura do técnico Lisca após a vitória do Náutico por 2 a 1 sobre o Vitória-BA foi de que os alvirrubros se adaptaram melhor às expulsões. Ainda no primeiro tempo, aos 29 minutos, o lateral esquerdo Gastón e o atacante Élton foram expulsos. Naquele momento, os rubro-negros já venciam por 1 a 0, mas o Timbu era superior em campo. Mas não se trata apenas de uma questão de adaptação. O triunfo, que viria apenas na etapa complementar, teve participação fundamental de Lisca na montagem da estratégia e dos jogadores na execução. A versatilidade dos atletas colocou em prática as ideias do treinador.

Antes, porém, vamos às formações iniciais das duas equipes. O Náutico no tradicional 4-4-2 trouxe como única novidade Gil Mineiro aberto na segunda linha de quatro pelo lado direito. Marcação forte no meio-campo e saída rápida pelos lados. O Vitória, de Vágner Mancini, é ofensivo e veloz no 4-1-4-1. Amaral entre as linhas se desdobra. Rhayner dá velocidade pela direita e Escudero mais cadência com qualidade no passe, junto com Flávio e Pedro Ken. Time ofensivo e marcando a saída de bola. Assim aconteceu o gol rubro-negro. João Ananias errou o passe no meio, a bola sobrou para Escudero. O camisa 11 lançou Rhayner, que chutou cruzado e abriu o placar aos cinco minutos.

Embora estivesse atrás no marcador, a equipe do técnico Lisca não se desesperou e acumulou chances desperdiçadas. Até Gastón e Élton serem expulsos. A primeira atitude do treinador do Náutico foi deslocar João Ananias para lateral esquerda quando o time estava sem a bola, com a posse o meio-campista voltava à sua posição de origem e Hiltinho virou um ala. Pedro Carmona já havia entrado na vaga de Rogerinho, machucado, e assumiu a ponta direita. Vágner Mancini deu mais liberdade para Rhayner e Escudero revezarem na referência do ataque. Tudo isto até o intervalo.

No segundo tempo, sem substituições, não houve mudanças no posicionamento dos jogadores. O comandante alvirrubro apostou no bom momento dos atletas e o gol de empate saiu nos primeiros dez minutos. O empate era bom, mas não o suficiente. Por isso, Lisca apostou ainda mais na versatilidade de seus jogadores. Colocou Josimar no lugar de Guilherme, Douglas deixou de ser referência para ocupar o lado esquerdo do campo e Gil Mineiro foi para a lateral direita. Desgastado, não aguentou muito tempo e logo foi substituído.

Rafael Pereira, que viria a ser o herói da partida, alternou entre lateral direito e zagueiro. Na primeira função, foi ao ataque, se infiltrou na área e marcou o gol da vitória ao dominar e chutar de pé esquerdo no canto do goleiro. Devido à força do Leão baiano no meio-campo, João Ananias voltou para sua posição de origem. O Náutico retomou a linha de quatro na defesa com Rafael Pereira pela direita e Hiltinho na esquerda, mais um a mudar de posicionamento e cumprir bem o que foi pedido.

Crédito: Reprodução/TV Globo

Ainda houve tempo para Rafael Pereira atuar como terceiro zagueiro, com Ronaldo Alves centralizado e Fabiano Eller pela esquerda. Mais uma alternativa para as próximas partidas que o técnico alvirrubro ganhou. Foram poucos minutos e já na pressão rubro-negra em busca do empate, porém, sem sucesso. 

Crédito: Reprodução/TV Globo

O confronto comprovou mais do que a força do Náutico na Arena Pernambuco nesta Série B. Lisca mostrou conhecer bem seu elenco e o que pode fazer nas mais determinadas situações de jogo. Afinal, foram pelo menos quatro improvisações ou variações diante do Vitória. João Ananias e Hiltinho na lateral esquerda, além de Rafael Pereira na zaga e na lateral direita - este ainda pode jogar como volante. Sem perder força ofensiva e mantendo a consistência defensiva. 

Análise Tática: Osorio armou o melhor rival que o Sport teve até agora na Série A

Treinador são-paulino formou o time baseado nas fragilidades do leoninas, mas teve insucesso principalmente pelas atuações individuais

por Lívio Angelim | seg, 20/07/2015 - 16:50
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"Juan Carlos Osorio estudou o Sport detalhadamente, a maneira como ele trouxe o São Paulo (ontem) mostrou isso", foi assim que Eduardo Baptista explicou a dificuldade do Sport em manter o controle do jogo, principalmente no primeiro tempo, antes do gol de Élber. O treinador rubro-negro ainda elegeu o adversário como "talvez o mais forte do Brasileirão no quesito tática e técnica". Não é para tanto, mas o Tricolor Paulista - por atitudes estratégicas - foi o rival que mais abafou as qualidades do Leão e acentuou os erros.

>> Sport vence São Paulo, quebra recorde de público na Arena Pernambuco e volta ao G4

Bem diferente da maneira como vinha armando o time e do que projetava para o jogo, Osorio escalou o São Paulo com três zagueiros e dois volantes. Variando do 3-5-2 para o 3-4-3.  O treinador colocou dois jogadores que vinham atuando no meio-campo nas alas: Tiago Mendes na direita e Michel Bastos na esquerda. E foi o que segurou os alas do Leão e travou o principal escape do time no Brasileiro, as pontas. 

Em vários momentos foi possível ver a primeira linha defensiva do São Paulo com cinco jogadores, formada pelo trio de zagueiro e os dois alas. Por outro lado, colocou Alexandre Pato caindo pelo lado esquerda para conter os avanços de Samuel Xavier, que é o lateral mais ofensivo e apoiador. O sistema tático proposto por Osorio colocou o Tricolor quase sempre em vantagem numérica contra o Sport. Por que não deu certo? Pelos fracos desempenhos individuas dos tricolores: Ganso pouco apareceu, Michel Bastos falhou defensivamente, Tiago Mendes não ofereceu tanta agressividade, a dupla de volantes não acertou a marcação e Alexandre Pato não conseguiu aproveitar as poucas chances criadas. 

 

>> Eduardo Baptista elogia técnico do São Paulo em "jogo estratégico"

Nos principais lances de jogada ofensiva, o Sport tem desvantagem numérica. Inclusive no gol. O rubro-negro se sobrepôs a partir do entrosamento, em tabelas e triangulações, principalmente envolvendo André. Algo que o São Paulo não conseguiu aplicar na partida. Os três zagueiros tricolores ficaram perdidos diante da movimentação do Leão. No gol marcado e invalidado - corretamente - por André, Edson Silva novamente ocupa um espaço vazio, sem marcar ninguém e quase quebra a linha defensiva porque acompanha a trajetória da bola.


FOTO: Flagrante do primeiro gol rubro-negro; No momento do passe, são-paulinos têm o dobro do número de jogadores do Sport, mas falham na marcação, na defesa em linha e na recomposição defensiva. Crédito: Reprodução/TV Globo

A formação aplicada por Juan Carlos Osorio se mostrou a melhor - ao menos até aqui - para confrontar o Sport. Porém, a equipe são-paulina não conseguiu aplicá-la com sucesso. Além da nítida falta de variação a característica de alguns jogadores não ajudaram na implementação. Os casos de Paulo Henrique Ganso que teve pouca movimentação no meio-campo e das fragilidades defensivas de Michel Bastos e Tiago Mendes.  

No segundo tempo, o treinador colombiano abriu mão da estratégia inicial: trocou o zagueiro Edson Silva pelo atacante Luís Fabiano e mudou rapidamente para o 4-3-3. Michel Bastos continuou dando espaço na esquerda. Osorio colocou o jogador na meia direita na posição antes ocupada por Centurión, que foi substituído pelo lateral esquerdo Reinaldo (ex-Sport). Depois ainda colocou o meia Boschilia no lugar do então ala direito Tiago Mendes para tentar retomar o controle da bola. Mas a ideia sequer foi testada, já que minutos depois perdeu Ganso e Luís Fabiano expulsos. E o time da casa ainda teve tempo e espaço para marcar o segundo gol - que poderia ter saído muito antes.

Função x posição: os pilares do futebol moderno

Entenda a diferença entre os conceitos básicos do futebol atual e a importância de ter jogadores versáteis

por Clauber Santana | ter, 14/07/2015 - 15:15
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O futebol atual - ou moderno - é recheado de conceitos em constante evolução. Um deles, ainda em processo de compreensão, é sobre função e posição dos jogadores. Não cabe mais chamar um treinador de retranqueiro por escalar três volantes ou zagueiros. Muito menos acreditar que este time será muito ofensivo com vários atacantes. As funções dos jogadores, hoje em dia, determinam a postura da equipe em campo. O que o atleta faz é fundamental e se sobrepõe ao que ele é, se zagueiro, volante, meio-campista ou atacante.

Com base neste conceito, o Blog Padrão Tático conversou com os técnicos de Náutico e Sport sobre o assunto. Os pontos de vistas e exemplos de Lisca e Eduardo Baptista mostram semelhanças sobre o conceito, e elevam o nível da discussão. A versatilidade dos jogadores, o trabalho nas categorias de base e a qualidade tática-técnica foram argumentos utilizados pelos treinadores.

O atual exemplo de versatilidade no Sport é Diego Souza e isto tem sido mostrado nesta temporada. O camisa 87 já atuou como meia centralizado, aberto pela esquerda, falso-nove e volante. Nas últimas partidas, quando o Leão esteve atrás do placar, Eduardo Baptista recuou seu jogador mais criativo. Assim, o meio-campista vindo com a bola da defesa deu mais qualidade à transição ofensiva e teve um bom desempenho. Confira na imagem abaixo as funções cumpridas por Diego Souza no time leonino.

“Um jogador moderno, à exceção de zagueiro e goleiro, não é mais volante, lateral ou atacante, ele tem função, e eu costumo escalar o jogador mais pelas características do que pela posição. Então, cabe a mim ter uma leitura dentro do setor que ele pode atuar. É preciso saber fazer uma cobertura, independente da posição.”, explicou o comandante leonino.

Mas não é fácil introduzir essa cultura no futebol brasileiro. Não apenas os atletas têm essa dificuldade, como também os jornalistas e os torcedores. O técnico do Náutico, Lisca, acredita que há uma mudança gradativa de pensamento e o caminho é sem volta, iniciado nas categorias de base. Desde cedo os atletas aprendem a ter funções e a desapegar da estática posição.

“Muita gente se detém na formação, nos números 4-1-4-1 ou 3-5-2. Mas o importante é a característica do jogador. Acredito muito na versatilidade. Procuramos o jogador que articula, faz gol, marca sem a bola e recompõe. Não é fácil, até pela cultura do futebol brasileiro. A gente ainda acredita muito na individualidade, fomenta o destaque individual. Aos poucos, vamos mudando essa mentalidade. Já tem uma metodologia nova de treinar futebol nas categorias de base nos clubes do Brasil e é fundamental para o desenvolvimento de sistemas e funções dos jogadores”, ressaltou Lisca.

A necessidade em o atleta entender o jogo e o que se passa em campo é cada vez mais necessário. Ter a bola no pé não é o suficiente para definir a partida. É preciso, sem a bola, ter movimentação para a recomposição e transição. Tudo isto de forma coletiva e em movimentos sincronizados à base de muito treinamento e estudo.  

Conheça o novo blog de Esportes sobre tática de futebol

Padrão Tático abordará os vários fatores influentes no que é feito dentro das quatro linhas

por Clauber Santana | qui, 09/07/2015 - 17:43
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O futebol é, acima de tudo, um esporte tático. Formação inicial, variação tática, recomposição, transição e intensidade são termos cada vez mais comuns e necessários no debate sobre as partidas. O Portal LeiaJá, que desde 2014 faz análises táticas de jogos das equipes de Pernambuco, agora terá um espaço totalmente voltado para o assunto. A partir desta quinta-feira (9), o blog de Esportes passa a se chamar Padrão Tático. É um convite para vocês nos acompanharem e juntos discutirmos e entendermos todas essas composições do esporte.

Além das análises dos jogos de Náutico, Santa Cruz e Sport, o Blog Padrão Tático trará abordagens sobre diversos assuntos que envolvem a parte tática do futebol. Desmistificando alguns termos e esclarecendo as opções técnicas. A intenção aqui é facilitar o jogo, mas sem escantear o principal: o que é feito dentro das quatro linhas.

Já nesta sexta-feira (10), uma publicação - que teve os treinadores Lisca e Eduardo Baptista como personagens principais - ajudará na compreensão sobre função e posição no futebol. O Blog Padrão Tático pretende contribuir com os debates das equipes de Pernambuco na renovação que existe no futebol. Seja qual for as cores que você defende, sejam bem-vindos! Aqui o nosso PADRÃO é TÁTICO!

Análise tática: entenda porque o Sport se desorganizou com a saída de Neto Moura

Meio-campista foi substituído por Danilo no intervalo da derrota - e eliminação - contra o Bahia

por Lívio Angelim | seg, 13/04/2015 - 17:18
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Antes de perder a vantagem da classificação e se desorganizar, o Sport teve duas posturas táticas diferentes. Uma antes do intervalo, outra depois.  A substituição de Neto Moura desencadeou uma série de acontecimentos que só prejudicaram o Leão no decorrer da partida. O confronto – que foi tão técnico na Ilha do Retiro – perdeu o caráter de jogo coletivo e a partida foi decidida em jogadas individuais que garantiu a vitória do Bahia por 3 a 2 e participação na final.

O técnico Eduardo Baptista tinha quase toda equipe confirmada na véspera da decisão em Salvador. Faltava apenas uma peça do quebra-cabeça. A vaga estava entre Felipe Azevedo, Mike e Neto Moura. Enquanto muitos queriam o primeiro (pela experiência), o treinador rubro-negro apostou no último para ganhar consistência e bloquear os volantes baianos. E conseguiu.

Equipe rubro-negra entrou em campo com forte marcação em 4-5-1 defensivo

No primeiro tempo, o técnico do Sport montou a primeira linha com quatro jogadores e a segunda com cinco (também ajudavam na recomposição Élber e Diego Souza, que chegou a fazer um desarme importante). A defesa leonina impediu com que o Bahia jogasse pelo meio, com marcação forte em Souza e Pittoni. Forçou os tricolores a tentarem o lado, principalmente com Tony. O lateral esquerdo da equipe baiana foi quem mais atacou em tentativas de cruzamento. Eduardo Baptista identificou a fragilidade e procurou corrigir.

O treinador rubro-negro tirou Neto Moura – durante o jogo explicou como uma alteração tática e, ao fim, contou que o atleta também estava cansado – e colocou Danilo, que ficou pela esquerda na cabeça-de-área. A ideia era dar mais liberdade ao meia Diego Souza. Mas precisou mudar o posicionamento de uma peça vital na primeira etapa: o volante Rodrigo Mancha, que estava pressionando a chegada de Maxi Biancucchi e Souza.

Apenas o Sport mudou no intervalo: além da substituição uma alteração tática pela função de Danilo

Mancha passou a atuar na direita da linha de três volantes, uma área até então pouco utilizada pelo Bahia, já que Pittoni se preocupava com as investidas de Élber. Enquanto o lateral direito Tony foi bloqueado, Souza teve espaço entre Danilo e Ronaldo para avançar. E o fez muito bem. Tanto no primeiro gol, como no terceiro – como homem surpresa em cruzamento de Bruno Paulista. Após sofrer o terceiro gol e ver a classificação escapar, Eduardo Baptista mandou a campo os jogadores ofensivos – já havia colocado Felipe Azevedo no lugar de Élber: entrou Régis e saiu Mancha.

O Sport foi para o abafa, o Bahia se retrancou. O time rubro-negro, pela necessidade do gol e pela escalação, sequer apresentava um desenho tático ao final do jogo. Diego Souza terminou a partida fazendo o papel normalmente desempenhado por Rithely, de ligação do meio de campo, e longe da meta adversária, local onde está acostumado a atuar. 

Análise Tática: Lisca foca a defesa no início de trabalho

Treinador escalou time precavido contra o Moto, venceu por 1 a 0 e tomou poucos sustos

por Clauber Santana | sex, 13/03/2015 - 15:41
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A vitória do Náutico sobre o Moto Club-MA por 1 a 0, na Arena Pernambuco, mostrou que a maior preocupação do técnico Lisca, neste início, é com a defesa. Diante do Central, o treinador nem escalou a equipe. Desta vez, ele não só armou, como fez grandes mudanças – até precavidas demais. Porém, deu certo. O Timbu voltou a ganhar sem tomar gol e quase não sofreu sustos. Mas ainda está longe do ideal, reconhecido pelo próprio Lisca após a partida.

Na véspera do jogo, o treinador alvirrubro afirmou que não escalaria a equipe no 3-5-2. E, de fato, não foi essa mesmo a formação escolhida. O time partiu do 5-3-2 com pouca movimentação e criatividade. Lisca soltou mais Guilherme e deixou Gastón preso. O que era desnecessário, pois o Moto, com um time misto, também não queria se expor.

Sem a bola, o time se defendia no 5-3-2. No momento de atacar, Hélder Ribeiro, até então alinhado a Fillipe Soutto no meio-campo, se deslocava ao ataque. Assim, o Náutico passava a jogar no 3-4-3. Contudo, o camisa 11 foi peça nula na engrenagem timbu. Nem marcava como volante, tampouco atacava como jogador ofensivo. Por isso, foi merecidamente substituído no intervalo.

Lisca tirou Hélder Ribeiro e colocou Renato, que entrou mais avançado com Bruno Alves sendo recuado para o meio. O atacante entrou e, com seis minutos, marcou o gol da vitória. E não ficou só nisso. Ele se aproximou de Bruno Alves e o Náutico ganhou em criatividade. David substituiu Bruno Alves e Guilherme, em outra boa apresentação, saiu da lateral para a zona central. O Alvirrubro ganhou em velocidade, mas com o passar do tempo se preocupou mais em defender para garantir o resultado do que agredir o adversário.

Já com Preto em campo na vaga de Josimar, o Náutico, cansado por causa do excesso de treinos na semana, se fechou na defesa. A bola na trave de Vavá, o maior susto na partida, já havia passado e a pressão do Moto Club não foi consistente. Isto ajudou a minimizar os problemas do Timbu e dar tranquilidade aos três zagueiros alvirrubros, pouco exigidos.

Vitória construída mais na vontade do que na tática ou técnica. Importante dentro do atual contexto do Timbu. Entretanto, não ilude os alvirrubros e muito menos o técnico Lisca. Com apenas três dias de treinamentos puxados, é impossível corrigir todos os erros. O Timbu ainda tem setores espaçados e pouca movimentação, dando poucas opções ao jogador que está com a bola. 

Apenas com treinamentos, que serão raros nos próximos dias devido à sequência de jogos, esses problemas podem ser solucionados. Só com o tempo Lisca terá a equipe do jeito que quer e gosta: “Com entrosamento, dinâmica e sincronia de movimentos”.

Análise Tática: Ricardinho começa a achar equilíbrio

Apesar da derrota, treinador do Santa Cruz encontrou soluções para o sistema defensivo

por Clauber Santana | ter, 03/03/2015 - 15:51
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A impaciência do torcedor do Santa Cruz com o técnico Ricardinho é justificada pelos resultados. Foram quatro jogos oficiais, três derrotas (duas em casa) e apenas uma vitória. No entanto, é importante ressaltar que o treinador ainda busca a equipe ideal neste início de trabalho. Contra o Salgueiro, no último sábado, a derrota por 1 a 0 não pode apagar o que a equipe fez de bom no primeiro tempo. Aos poucos, Ricardinho começa a encaixar os jogadores e encontrar o equilíbrio na equipe.

Ainda com alguns desfalques, o treinador coral repetiu o mesmo time do segundo tempo da vitória contra o Central. Assim, o Santa Cruz foi montado no tradicional 4-4-2 com Bileu improvisado na lateral direita, João Paulo como volante e, na frente, Waldison e Betinho. Na criação, Guilherme Biteco e Emerson Santos aberto pelas pontas. 

Com esta equipe, o Tricolor ganhou mais equilíbrio. A entrada de Bileu deu consistência ao setor, apesar de ele também subir ao ataque constantemente. O volante já mostrou que é muito mais confiável na posição do que Moisés. Assim como Renatinho na esquerda. Todos já conhecem o potencial dele e na concorrência com Léo Veloso, ele também sai na vantagem.

No meio-campo, Ricardinho optou por deixar seu jogador com melhor passe como responsável pela transição. Praticamente todas as jogadas começaram nos pés de João Paulo. O problema é que o meia cansou por querer também chegar ao ataque com frequência. No final do primeiro tempo e depois dos 15 da etapa complementar, ficou evidente o cansaço do atleta, que já não rendia o esperado.

Pelo lado direito, Guilherme Biteco foi o melhor jogador coral em campo. Com velocidade e habilidade, o meia deu uma boa dinâmica de jogo à equipe. Enquanto Emerson Santos não foi tão participativo. E, aí, vai a crítica a Ricardinho. O treinador sacou Biteco e colocou Raniel, após o gol do Salgueiro. Mesmo o treinador justificando o cansaço para a mudança, Biteco poderia ter ido para o sacrifício porque o Santa estava perdendo e ele era peça importante em campo.

Enquanto no ataque, Waldison teve uma boa movimentação. Embora como segundo atacante, voltou para ajudar na criação. Já Betinho foi o jogador mais perigoso, teve presença de área e colocou duas bolas na trave. Porém, nenhum dos dois deve ser titular quando Anderson Aquino e Bruno Mineiro voltarem.

Por tudo isso, não dá para execrar todo o trabalho de Ricardinho. Os resultados influenciam muito, mas já há uma evolução aparente na equipe. Com todas as peças à disposição, o treinador pode melhorar o desempenho do time. Não será por falta de tentativas. Ao menos, taticamente, o comandante coral mostrou ter alternativas. Falta agora executar da melhor forma.

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